BLOGUE SOBRE
A IGREJA DE JESUS CRISTO E DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS
Esta página do blogue tem o objetivo de explanar
a definição de sabedoria, dom primeiro sobre a virtude, e que nos é
determinante para o alcance da verdade; princípio de vida, princípio da
filosofia.
Poderíamos classificar um vasto
universo de estágios da sabedoria humana, única sabedoria possível, mas todos
estes estágios são reduzidos aos seus três estágios de base aqui inscritos. Podemos
reduzir toda a sabedoria a três únicos estágios de base de onde, à posteriori, podem emergir todos os
restantes estágios de sabedoria. Inúmeros graus subjacentes da sabedoria humana
que reduzidos à sua máxima simplicidade não se podem dividir mais do que em
três fracções, três estágios de sabedoria distintos, pois apresentam entre si
dogmas essenciais que os distinguem brutalmente uns dos outros. Eles não são só
distintos. Eles são totalmente antagónicos. A saber, os três estágios da sabedoria
humana mais elementares e de onde emerge todo um universo de sabedoria são os
seguintes: o Estágio da Fé e da Crença; o Estágio dos Factos e da Razão; o
Estágio da Loucura e da Desordem.
O Estágio da Fé e da Crença
A fé
é uma virtude. A crença é uma
virtude. Mas qual a diferença de virtude entre fé e crença? Possui a fé algo de mais sobrelevado que uma crença? Poderá a fé possuir o portento de mover montanhas e uma simples crença não possuir essa mesma força? Será
a fé um estágio superior de sabedoria
ao estágio duma simples crença?
Apesar de haver o conceito generalizado que a fé é um instrumento virtuosíssimo
e acima de qualquer crença banal, a verdade é que linguisticamente não existem
distinções entre os dois significados. Podemos, eventualmente, aferir que a fé é o pico duma crença, mas ainda assim ela será em si mesma uma crença, ou seja, apesar de
linguisticamente não existirem diferenças vocabulares entre fé e crença,
ainda poderíamos determinar que a fé
é um estágio maior que a simples crença,
mas daqui iriamos emergir para uma multiplicidade de estágios e retirar-nos dos
estágios base onde pretendemos explanar. Poderíamos, portanto, aferir que a crença no seu significado isolado é o
primeiro estágio de sabedoria, mas o que podemos extrair do significado de fé é que ela pode ser também portadora
da mesma força que uma simples crença.
Aquele que tem uma fé arrebatadora,
por exemplo, que no próximo ano vai
chover em demasia, objetivamente não
tem nada de mais sábio, nada de mais evoluído, que aquele outro que afirma
possuir uma simples crença que no próximo ano vai chover em demasia. A
diferença entre ambos pode até estar no estado mítico em que se encontram, na
força mental com que afirmam os seus pressupostos, mas tal distinção não será
certamente essencial na resolução do facto de que no próximo ano vai chover em demasia. Todavia, podemos ainda
questionar-nos: Pode a força da mente interferir na natureza e contribuir com
que no próximo ano chova em demasia?
A resposta a esta questão é o objetivo deste capítulo, mas para já interessa
definir que aquele que tem uma fé tem
tanto de sabedoria como aquele outro que possui uma crença sobre esse mesmo objeto de crença e objecto de fé.
Daqui vemos ocularmente que, tendo em conto o significado dos vocábulos “fé” e “crença”, não podemos determinar nenhum elemento que os difira, não
podemos separá-los em estágios de sabedoria distintos, por isso elas são aqui
remetidas para um mesmo estágio de sabedoria, e, como veremos, uma fé ou uma crença, são exatamente isso que os seus significados determinam em
nome da ordem, que são apenas uma crença,
um acreditar, uma determinação da
mente, um estágio menor de sabedoria à procura de alcançar algo, de alcançar um
estágio mais elevado de sabedoria, pois elas, a fé e a crença, nunca são
um dado concreto sobre o objeto de crença, nunca um dado adquirido sobre o
objeto de crença, não-objetivo, não-palpável, não possível de testemunhar com
todos os sentidos que dispomos no nosso corpo humano, e por isso elas não são
inequívocas sobre o objecto da sua crença.
Muitas entidades religiosas colocam a fé num patamar tão elevado de sabedoria
que a transformam numa virtude ainda mais potente que o testemunho ocular e o
testemunho táctil. Crê-se que se movem montanhas com a força da fé de forma ainda mais maravilhosa que
com a força do músculo ou dos instrumentos que nos estão disponíveis. Mas esta fé que move montanhas apenas com a força
da crença, apenas com a força isolada
da mente, ela será mesmo real? Ela será mesmo verídica? Será possível movermos
uma montanha daqui para acolá só com a força isolada da nossa mente? Que
testemunhos oculares e tácteis existem sobre estes dados? Ou mais
profundamente: O que é a verdade?
Mesmo não havendo nenhuma linha
divisória de definição entre fé e crença, nem é objetivo deste livro
definir tal preceito, partimos todavia do principio sábio que nenhuma palavra
pode carregar em si um significado que a sua designação corrente não nos
confere. A comunicação é evidentemente útil nas sociedades religiosas e
não-religiosas, mas toda a comunicação deve ser feita em espírito de ordem e
não em espírito de desordem, como quando, hipoteticamente, caímos no erro de
atribuir um significado a uma palavra que a própria não suporta ou que a
sociedade mundial não lhe atribui. Aquele que possui uma fé não pode criar o seu próprio mundo isolado ou a sua sociedade
isolada, da mesma forma que não vive isolado da mesma sociedade mundial. Para
que prevaleça a ordem, a sociedade mundial deve ser una na sua informação-compreensiva, na comunicação entre
os seus congéneres, para que assim prevaleça a ordem, a paz, e o esguio de
conflitos. A perfeição alcançasse na ordem e não na desordem. Por isso não
podemos em bom senso, ou, se quisermos, em boa-fé, atribuir o significado de água à palavra “pedra”, ou o significado de branco
à palavra “preto”, ou, por conseguinte,
o significado de facto à palavra “fé”. A fé em si mesma até pode originar à realização dum facto, ela até
pode anunciar um facto já existente e verídico, mas ela própria em si mesma não
é um facto, o seu significado mundial
não é o de facto, como muito
vulgarmente vemos disseminado entre sociedades principalmente religiosas.
Como já vimos, linguisticamente a fé é uma crença. É assim que o seu significado universal está definido. Se
existe um grupo social suficientemente numeroso para atribuir o significado de fé a um patamar tão elevado de crença, em que a mesma fé passe do seu estágio invisível e
mental para o seu estágio ocular e palpável dos factos, pois que se defina tal vocábulo de forma esclarecedora e
universal. Mas mesmo não estando determinado em lado algum o significado
efectivo de fé em que a distinga de crença, ainda lhe podemos reconhecer um
hipotético patamar de sabedoria superior a uma simples crença, mas nunca incorrer na imperfeição intelectual, de espírito,
de mesclar o seu significado universal com outras designações. A bem da ordem e
da aproximação a uma sempre virtual omnisciência, não podemos testemunhar em
verdade o que é do que não é, nem testemunhar em verdade o que não é com o que é.
Existem fraudulências em torno da
linguística. A forma hábil como se trabalha o significado das palavras visam
inequivocamente ao engano. A não clareza dos significados das palavras ou de conceitos
genéricos, associados a fragilidades na instrução académica, conduz ao vício, à
fraudulência, à adulteração da comunicação, levando falaciosos a atingirem as
suas vitimas usando uma palavra ou uma frase que supostamente possa ser
enquadrada em dois significados distintos, duas interpretações, assim
ludibriando a consciência e compreensão do observador analítico; a vítima. Principalmente
nos seios religiosos a palavra fé tem
sido subtilmente usada para lograr os que têm fragilidades académicas e que se
obscurecem com o significado das palavras. Uma ínfima distração pode até
armadilhar a consciência dos mais bem instruídos, mas normalmente os mais
visados são os mais idosos ou os demasiado jovens. Mentes indefesas. É,
todavia, facto lúcido e irrepreensível, sem oposição válida, pelo menos no teor
da comunicação simples necessária e não-filosófica que agora pretendemos, que quem
tem uma fé tem uma crença. E quem tem uma crença, não tem nada de real a não ser o
abstraccionismo que o significado objetivo de crença.
Quem tem uma crença não tem nada de real a não ser o objeto “crença”. Apenas possui uma decisão isolada
do seu intelecto forçado pelo seu impulso emotivo, sem factos que sustentem o
objeto da sua crença com a exigente
prudência. Objetivamente o único facto que sustenta a existência duma fé ou duma crença, é precisamente a existência objetiva dessa mesma fé e dessa mesma crença, que, enraizada na mente dos seus adeptos, leva a que estes
saibam por si mesmos que possuem algo dentro de si. E realmente possuem.
Realmente eles possuem dentro de si uma fé
ou uma crença. Há até quem lhe
apelide de forma burlesca, como veremos neste ensaio, de “testemunho da verdade”. Mas o que os adeptos da fé e da crença não conseguem discernir, por não serem suficientemente
instruídos nesta matéria que efetivamente carece de estudo, é que o que possuem
dentro de si não é o objeto da sua fé
ou da sua crença, não é o “Deus” que possuem dentro de si, mas sim
a própria fé e própria crença. Não é o objeto que interessa que
possuem dentro de si, e que está sob análise e investigação, mas o colateral!
Ou seja: o que não interessa. A esposa que acredita ser vitima duma traição
conjugal, afirma ter algo dentro de si, e de facto assim é. Ela é verdadeira
quando afirma ter algo dentro de si. Mas o que ela sabiamente possui dentro de
si, é a sua crença de que é vitima
duma traição conjugal, não o facto adquirido, e provavelmente está sustentada
em evidências, mas sabiamente só o elevado da prova ocular e racional lhe podem
conferir, testemunhar estrondosamente, que a sua fé ou a sua crença era
verdadeira ou falsa.
Existem, portanto, factos que a fé e a crença detêm que são estes os factos colaterais. Factos não-intrínsecos
com o objeto de fé e crença, mas extrínsecos a ela. Colaterais.
Factos que levam o crente a adquirir força na sua crença, como por exemplo o
facto de o sol nos surgir diariamente no horizonte
assim permitindo a vida existêncial, é um facto que leva o crente a afirmar
que existe uma Inteligência maior (Deus) que governa a vida na Terra. Mas este
é apenas um facto colateral ao objeto que nos interessa (a existência de um
Deus). Um facto em si mesmo verdadeiro, mas que é colateral com o objeto da
existência de um Deus tal e qual como o crente o desenha na sua mente e na sua
crença. A única prova que o referido facto nos confere, é que existe
Inteligência que governa a vida na Terra. Podemos até declarar sob os nossos
próprios critérios que esta Inteligência, que este facto, é a totalidade de um
Deus, mas o que não podemos ao abrigo da boa sabedoria, é declarar que este
facto nos prova que existe um Deus, por exemplo, com corpo semelhante ao do
Homem. O que leva a esse pressuposto são os outros factos colaterais, que podem
ou não provar o objeto final que nos interessa. Assim como o facto de o sol nos surgir diariamente no horizonte
provar a existência de Inteligência sobre a vida existêncial na Terra, por mais
diminuta que a consideremos, ela prova sem dúvida, e portanto ocularmente,
tactilmente, e com todos os restantes sentidos humanos que possuímos, que
existe inteligência na manutenção da vida na Terra. Mas ele por si mesmo não
prova outras características que o crente vislumbra na Inteligência maior que
venera e a que pode apelidar de “Deus”.
Sabiamente concluímos que os factos colaterais albergam sempre, nem que em
última instância, uma percentagem por mais ínfima que seja de dúvida. Esta
percentagem de dúvida carece portanto de ser aniquilada a bem da verdade
absoluta que a sabedoria anseia. Podemos, assim, e com sabedoria, exercer a
nossa fé na existência de um Deus porque nenhuma refutação sustentada
cientificamente, de forma experimentada e reconhecida, existe ainda contra essa
mesma fé. Mas pela mesma sabedoria também não podemos muito desenhar a
configuração deste Deus, isto se bem temos entendido o que é a sabedoria final.
Mas podemos exercer a nossa fé em qualquer configuração deste Deus, uma vez não
existirem provas que nos contradigam. Por isso tal argumento só pode ser uma fé. Uma crença. Não tem bases científicas, verdadeiras, de facto, para
poder evoluir para um estágio de sabedoria superior que nos confira a existência de facto e o alcance da
sabedoria final.
Para que a palavra crença ficasse mais obscurecida do seu real conceito, o seio religioso
passou a utilizar a obscura palavra fé
que significa exatamente o mesmo que a palavra crença, mas que tem servido de há anos para cá, e de que maneira,
para cegar ainda mais a frágil sabedoria dos incautos. Se algum entre nós
considera, segundo a sua instrução académica, que a palavra fé tem algo de distinto com a palavra crença, que comece a efetivar os seus
estudos linguísticos a fim de saber a origem de ambas as palavras e o uso atual
de ambas, sendo certo que após o seu estudo, se encontrar algum elemento que
distinga o significado duma palavra da outra, deverá recorrer aos locais
indicados para adicionar o novo significado de uma das palavras que a distinga
da outra. Todavia, segundo o acordo ortográfico universal, sabemos que o
significado de fé é absolutamente igual
ao significado de crença. Nada mais. Nada
mais a acrescentar. Aquele que declara ter uma fé, imediatamente declara que possuir uma crença. Sem qualquer tipo de diferenciação, tanto de estágio de
sabedoria como de designação. E aquele que possui uma crença, declara, de forma assertiva, que não possui o seu oposto.
Ou seja: o conhecimento. Conhecimento
este cujo significado universal é o oposto de crença; também o oposto de fé.
Quem tem uma fé declara,
assertivamente, que não possui o conhecimento.
Quem tem uma crença declara,
assertivamente, que não possui o conhecimento.
A fé é branca quando o conhecimento é preto. A fé é preta quando o conhecimento é branco. A crença
é branca quando o conhecimento é
preto. A crença é preta quando o conhecimento é branco.
Portanto, inquirimo-nos: Qual é o
oposto de conhecimento? Resposta: o não-conhecimento. E quais dois
significados possíveis para não-conhecimento?
Resposta: fé e crença. Inquirimo-nos: Qual é o oposto de sabedoria? Resposta: ignorância.
E quais dois significados possíveis para ignorância?
Resposta: fé e crença. Assim, por conseguinte, aquele que afirma, por exemplo “eu tenho fé em Deus”, é o mesmo que
afirma “eu tenho ignorância efetiva acerca
da existência de Deus”. Aquele que alcançou o saber, a sabedoria, sinónimo real de conhecimento (sabedoria é conhecimento,
conhecimento é sabedoria, experiência),
imediatamente largou o não-saber.
Aquele que alcançou o saber sobre
determinado assunto, imediatamente largou a ignorância
sobre esse mesmo assunto. Aquele que alcançou o saber sobre determinado assunto, imediatamente largou a fé e a crença sobre esse mesmo assunto.
Os adeptos da fé têm trilhado os seus caminhos mentais convictos que ao possuírem
uma fé possuem uma sabedoria. Mas tal suposição é meramente
abstracta, infidedigna, desalineada com a linguística de acordo ortográfico
universal. Filosofia à parte, nenhum preto é branco; e nenhum branco é preto.
Tal suposição do significado de fé ou
crença desencadeia a desordem. Gera
conflitos inconscientes que depois emergem para conflitos mais conscientes, até
que finalmente rebentem nas guerras violentas do sangue e do óbito. Quando um burlão
usa estratégias de palavras para ludibriar a sua vítima, desencadeia a desordem
e a violência na sociedade. Pratica a injustiça. E a paz e a justiça devem
punir tal homem e tal comportamento. O mesmo se sucede com todo aquele que
profere ter ao mesmo tempo fé e conhecimento, fé e sabedoria, porque
aquele que tem instrução académica para conhecer os significados de ambas as
palavras, sabe que aquele que possui uma fé
ou uma crença, não possui um conhecimento, não possui uma sabedoria. Eu próprio, autor deste
esboço literário, tenho fé em Deus,
mas no âmbito prudente da sabedoria,
a verdade é que nada sei sobre Deus. Sou, portanto, ignorante no que respeita
ao conhecimento de Deus. Não sou
sábio quanto à configuração de Deus. E toda a sabedoria que eu considerar
possuir sobre esta minha fé, é apenas
uma sabedoria colateral, baseado no que me rodeia para exercer esta minha fé na existência de Deus, e não no real conhecimento da configuração de Deus. Se
eu perguntar ao adepto da fé, que crê
em Deus, de que cor são os olhos de Deus, nenhum adepto da fé me saberá
responder, porque a sua suposta sabedoria é não-sabedoria,
o seu suposto conhecimento é não-conhecimento.
A sua fé sobre a cor dos olhos de Deus é apenas ignorância, assim como toda a
sua sabedoria e conhecimento sobre a existência de Deus, uma vez que nunca
ninguém alcançou tal sabedoria. Toda a sabedoria que contradiz o seu significado
real ortográfico, como por exemplo afirmar que possuir uma fé é possuir um conhecimento,
deixa de ser sabedoria, e passa a
significar exatamente o seu oposto. Ou seja: ignorância.
Os mestres religiosos têm procurado a
toda a força reivindicar que quem tem uma fé
tem uma verdade. Mas esta verdade não é uma verdade científica. É
portanto uma não-verdade. Não é uma verdade da verdade, uma vez que a
ciência humana é o posto mais próximo da verdade. E a ciência final, a
omnisciência, a própria verdade. Nada está mais próximo da verdade que a
ciência humana. Mas a verdade aos olhos humanos é também um processo evolutivo
sem fim, cuja fé ou crença são apenas o seu estágio inicial.
Mas mestres falaciosos têm procurado a toda a força reivindicar que quem tem
uma fé ou uma crença tem uma verdade.
Mas uma verdade com objetivos não-exatos,
não-científicos, não-verdadeiros, e portanto com princípios de obscuridade, pois
considerar a fé uma sabedoria, é ludibriar o observador
analítico, a ovelha mansa que só escuta a vara do seu mestre. A verdade quando
é luminosa, absoluta, e realmente verdadeira, ela tem que ser exata,
científica, provada, e depois então receber o título que merece, em vez de a
titularem antes do seu mérito. Fossem os mestres falaciosos, principalmente religiosos,
mais benignos e íntegros com a verdade absoluta, mais verdadeiros, portanto, menos
burlões merceeiros de palavras, e em vez de afirmarem que todos devemos exercer
a nossa fé nos seus princípios,
acrescentariam a essa mesma afirmação que essa fé ou crença encontra-se
abaixo dum estágio de sabedoria superior. Que ela não é, portanto, o absoluto
do conhecimento.
Como já vimos quem tem uma fé tem muito mais uma ignorância que uma sabedoria. E deve admiti-lo. Da mesma forma que eu me admito ser
ignorante que nenhuma sabedoria alcancei na questão da configuração de Deus
onde deposito toda a minha fé. Toda a
minha crença. Que nenhum orgulho nos
cegue a sabedoria, principalmente se somos soldados do bem e adeptos da humildade.
Estude-se o real significado das palavras e tirem-se todas as dúvidas, porque
do estudo vem a luz, da pesquisa vem a sabedoria e o conhecimento; dotes
superiores, mais evoluídos que a fé e
a crença. Permanecer com a instrução
que aquele que possui uma fé possui
uma sabedoria, é o mesmo que dizer que aquele que é branco também é preto no
mesmíssimo ponto de circunstância. Deduzimos,
portanto, que a fé e a crença, são um estado de espírito, um
estado de sabedoria, pelo menos neutro: Nem sábio, nem com provas válidas que
as contradigam. Mas em abono de demonstrarmos uma consciência sábia, admitamos
que a nossa fé ou crença é uma ignorância à espera de alcançar sabedoria.
Mas por outro lado se estas, a fé e a
crença, vão finalmente alcançar ou
não alcançar o seu estatuto de sabedoria final, teremos que aguardar ao longo
do tempo para ver, aguardar na esperança, como é paradigma e obrigação de toda
a fé e de toda a crença, sendo certo que enquanto não alcançarmos esse mesmo estatuto
de sabedoria final, elas próprias não são a sabedoria,
e mantêm-se, claro está, no seu estatuto de ignorância.
Ou pelo menos mais próximo desta do que daquela. Sejamos sábios e humildes, o Homem-excelente!,
para aceitar tal argumento provado, e não dupliquemos a nossa ignorância
amarrados aos grilhões que normalmente uma fé
ou uma crença vitimiza. A verdade é o
que é. Não o que nós queremos que ela seja.
Breve resumo: Assim como o branco é exatamente oposto do preto, e vice-versa, a fé e a crença são os extremos opostos da sabedoria e do conhecimento.
Elas são a ignorância estática. E por
mais movimento que efetuem à procura da sabedoria, elas permanecerão sempre no
seu estágio efetivo: o da ignorância.
Religiosamente instrói-se que a fé pode
ser de tal forma forte, capaz até de mover montanhas. Mas tal preceito é falacioso,
um falso argumento de objectivos não científicos. Devia-se até punir o homem
que instrói que a fé move montanhas sem que primeiro surja o primeiro homem a
mover a primeira montanha. Nenhuma lição se deve ensinar sem a força do seu
exemplo. Ensina mais aquele que faz do que aquele que diz. Instroem mais os atos
que as palavras. Absorvem mais os olhos que os ouvidos. Mas por outro lado, os factos, sinónimos de saber, de
conhecimento, esses são um meio muito mais eficaz de movermos a nossa montanha.
Chamem, pois bem, escavadoras e braços humanos e metam as mãos ao trabalho, e verão
que a montanha mover-se-á. E depois de já termos a nossa montanha movida do seu
lugar no prazo que lhe for necessário, chamem depois o homem da maior fé que já
conheceste para realizar o mesmo feito só com a força da sua fé, só com a força
da sua mente, e havereis de vê-lo a padecer sem conseguir mover uma única pedra
da montanha só com o esforço da sua fé e da sua mente. Ora, a mente também tem
a sua força, mas quando associada aos braços a sua força multiplica-se inúmeras
vezes por si mesma. É assim apresentado neste esboço literário, a designação de
fé. A designação de crença. A designação de religiosidades (que não tem haver só com
religião, mas com um estado de espírito: o da religiosidade; o mesmo que da fé
e da crença sobre qualquer assunto e
não só relacionado com a divindade). Religiosidade
que é um estágio de sabedoria inferior sob o estágio de sabedoria que lhe é
superior.
Apresento-vos, pois bem, um princípio
de como a sabedoria nos pode escapulir: Principio da deturpação do significado
das palavras. Que, também, podemos designar por: Princípio da ignorância; relutância
à investigação. Aquele que não investiga será vítima de logro. O que não estuda
é efetivamente estúpido. O que não
quer ouvir a voz que se lhe opõe, em estado hipotético de guerra é rei que
morrerá, pois que não conhecerá a estratégia de seu inimigo. Não possuirá essa sabedoria. A fé, a crença, numa só
palavra a religiosidade, são
definidas cientificamente (e religiosamente também) como um exercício mental
isolado. A fé é um exercício mental
que não carece do uso doutras forças do corpo humano como por exemplo as mãos e
os braços. Não carecem também duma boa dose de inteligência. A fé e a crença são determinismos que não carecem de um uso substancial da
inteligência. Elas são apenas uma determinação do intelecto sem que o mesmo intelecto
exerça o seu esforço. A fé e a crença são decisões impulsivas.
Sustentadas nos afetos e nos impulsos do coração. Elas desviam o cálculo do
raciocino para uma tomada de decisão muito mais sustentada nos impulsos do
coração. Nos afetos. Não tanto no raciocino. Mas devemos saber que são as
emoções compulsivas, provenientes do coração, do intuito, tal e qual a fé e a crença, a via condutória dos seres irracionais. Assim, pelo que foi
provado até aqui, concluímos que a fé
e a crença são a própria ausência da
inteligência. Elas não necessitam ser calculadas. Elas não carecem de grande
estudo, de grande investigação, de grande instrução académica. Elas não pensam
a fundo, mas essencialmente decidem intuitivamente, elas são apenas uma opção
espontânea, elas são o semelhante humano perfeito como operam os seres irracionais
que também não carecem de grande dose de cálculo para efectivarem as suas
decisões. O seu índice de cálculo é francamente pequeno. Tal e qual como a fé e a crença. Um individuo com deficiências patológicas mentais pode
exercer uma fé ou uma crença, mas não pode calcular com elevada
ou mesmo média inteligência. Um ser irracional pode ter uma fé ou uma crença, mas não pode calcular com elevada ou mesmo média
inteligência. A fé e a crença são a ausência quase absoluta da
inteligência. Luz maior sobre o Homem. Dom maior sobre a humanidade.
Os mestres falaciosos, muitas vezes religiosos,
bem têm tentado e conseguido levar milhões ao engano fazendo-os crer que a fé são factos, e que os factos não são determinantes
para a prova religiosa. Que são sim a prova para o quotidiano, mas não para a
prova religiosa. Assim desviando a sabedoria dos seus ouvintes e gravemente
adulterando os seus princípios de vida. Destorcendo o seu bom e original senso
cognitivo. Transformando o cognitivo em emotivo. Afirmam estes lobos vorazes que os factos são testemunhos
menos conclusivos que a própria fé e
que a própria crença, quando, pelos
princípios da mesma religiosidade, é a carne e o espírito que formam o
completo. É a ideia e a forma que formam o completo. É a fé e a prova que
formam o completo. É a carne e o espírito que geram a vida. Dizem. Não só o
espírito. Mas também a carne. A fé e
a crença provêm apenas do espírito que
não vislumbra com os seus olhos carnais, mas os factos e a razão provêm tanto
do espírito como da carne que testifica. O que vemos então na religiosidade que
tanto apregoam teorias de fé e de crença? Resposta: Contradição. O homem
da fé demoraria toda a vida para mover uma folha de papel só com a força da sua
fé e da sua mente, só com a força da sua crença, mas o homem dos factos,
estágio superior de sabedoria, executa a mesma tarefa em apenas um segundo. Um
só segundo! Recorde absoluto em comparação com o primeiro. Uma espécie de ação
de Deus, de luz, de potência divina, de potência humana, contra uma ação
minúscula e inferiorizada, cheia de trevas, cheia de incapacidade geral a que
chamamos de fé e de crença.
Interessa relevar para este capitulo
que na procura da verdade, no exercício da sabedoria, é imprescindível o uso do
raciocínio de cálculo que a fé renuncia. A extrema fé e crença renunciam grandes
doses de raciocínio e cálculo, torna-o quase obsoleto, sustentando-se na força
da sua mente que é uma fixação, uma força estagnada, proveniente mais do impulso
do coração do que da investigação da mente. Mas a fé e a crença não são um
estágio menor. Elas têm também a sua virtude. Elas são essenciais à vida. Essenciais
no alcance da verdade, exercício para a sabedoria, determinantes até para o
alcance destas, mas elas não são a própria verdade nem a própria sabedoria como
tentam fazer crer os seus mestres. Elas são um estágio intermédio. Um estágio
que pode subir mas que, como ainda veremos neste capitulo, um estágio que
também pode descer para um estágio de depreciação intelectual. A fé e a crença são o estágio da alavanca que impulsiona para o estágio
seguinte. Estágio Maior. Como já vimos no exemplo do Homem-excelente, o
pensador que não começa por acreditar, por ter fé, nunca alcançará o seu
destino. Nenhuma verdade se alcança sem a fé
ou a crença. Sem estas, a
investigação ficará estática no seu início. Imóvel. Mas interessa o homem da fé e da crença saber que o seu estágio de sabedoria é o estágio do não-pensador. O estágio da não-inteligência. Mas sim o estágio da
motivação. Do motor. Do impulsionador. O que tem uma fé ou uma crença rescinde
do pensamento complexo. Rescinde quase em absoluto do próprio pensamento. Ele
apenas determina. É a sua fé ou a sua
crença que já tudo determinaram
acerca do seu objeto de investigação. O determinismo para uma fé ou uma a crença não obrigam ao pensamento calculado. Elas apenas sentem o
que ouvem ou o que vêm, factos colaterais, e então decidem. Tomada de decisão
fragilizada. Elas próprias a sós formam a totalidade do pensamento sobre o
objecto da sua fé. Elas na sua essência opõem-se ao pensamento complexo e
evoluído. O homem da fé e da crença quando pensa, nunca pensa
complexamente na sua fé ou crença como objetos, uma vez que estas
já lhe foram alcançadas. Foram determinadas pelos factos colaterais ao objeto
de fé. Ou bem que acredita ou bem que não acredita. Ou bem que tem a sua fé ou
bem que não tem a sua fé. Aquele que tem uma fé ou uma crença já não
precisa de investigar mais sobre a sua fé
ou a sua crença. Ele já determinou que
as tem. Ele já as descobriu. Ele já não necessita mais nada delas como objeto.
Elas são tudo para ele. Elas são a sua verdade suprema. Verdade alcançada. A fé e a crença são um simples sim
ou não. Não têm a complexidade do
cálculo nem do pensamento de investigação. São elementares. Simples mas não
complexas. Vemos portanto que não existe meia-fé
nem meia-crença. Ou se acredita ou
não se acredita. Ou se tem fé ou não
se tem fé. Aquele que tem pouca fé, é porque tem fé, e encontra-se no seu estágio da sabedoria de fé. Aquele que acredita pouco, é porque
acredita, e encontra-se no seu estágio de sabedoria de crença. Aquele que tem muita fé,
ainda está no estágio da fé, e aquele
que acredita muito, ainda está no estágio da crença.
Como vimos, o homem que tem uma fé ou uma crença, por exemplo, na existência de Deus, deve saber que aquele
outro que factualmente já viu Deus, que já o tacteou com as suas mãos, que já o
ouviu com os seus ouvidos, que já o experimentou várias vezes, esse saberá
sempre muito mais que o homem da fé e
da crença. Também a esposa que
suspeita de ser vitima de traição conjugal, saberá sempre muito mais quando vir
com os seus olhos e experimentar com todos os seus sentidos a mesma traição, do
que viver na crença e na fé de tal pressuposto, estágio menor de sabedoria. Ou vivemos
na sabedoria sobre um objeto de análise, ou vivemos na história desse mesmo
objecto de análise: factos colaterais. O homem que sabe está acima do homem que
acredita. O homem que já usou todos os seus sentidos no objeto da sua fé ou crença, já não tem agora uma fé
ou crença, mas a sabedoria. Já alcançou
a sabedoria sobre o seu objeto de investigação. Evoluiu, portanto, no seu objeto
de investigação. Evoluiu no seu estágio de sabedoria.
Portanto: Fé e sabedoria, uma e
outra são opostos. Crença e pensamento complexo, uma e outra são
opostos. A fé e a crença quando colocados ao lado da sabedoria e do pensamento são apenas simplicidade
e ignorância. O próprio ato de
raciocinar, o pensamento, é a sabedoria em expressão. Mas toda a fé ou crença é o desvio do racional para o irracional. O desvio da
sabedoria para a expectativa. Nenhuma expectativa é sabedoria. Nenhuma
sabedoria é dúvida. A fé e a crença são força de mente estagnada. Já
determinadas. Concentração mental estagnada. Não força de raciocínio e de cálculo.
Não com a sigla maior da sabedoria. A fé
e a crença não necessárias à
investigação, elas próprias são o inicio essencial para uma investigação. E a investigação
é o pensamento em ação. A sabedoria é a morte da dúvida. E supormos que a fé e a crença são estágios de sabedoria superiores aos factos e à razão, remete-nos para o estágio mais inferior dos três estágios de
sabedoria que aqui é apresentado neste ensaio: o Estágio da Loucura e da
Desordem.
Por designação pura e absoluta, sem
sofrer fraudulências, a fé e a crença é exatamente um estágio de
sabedoria isenta de factos e de razão. Isenta de ordem. Ela induz à
desordem. À Procura. À investigação. Aquele que tem uma fé, que acredita em algo, efetua uma tomada de decisão baseada nos
factos colaterais ao objeto da sua fé
e crença, não nos factos objetivos da
sua fé e crença, pois senão deixariam de ser fé e crença e passariam a
ser factos e razão.
O adepto da fé e da crença decide
acreditar porque se sente atraído pelo objeto da sua crença, precisamente
porque o seu juízo, mais experiente ou menos experiente, considera que esse é o
caminho a seguir. Fazem-no crer que é possível saber, que é possível alcançar a
sabedoria, alcançar a experiência, sem usar todos os sentidos que possuímos. O
adepto da fé e da crença decide acreditar não usando o seu
raciocino, não necessitando da boa parte dele, usando apenas um leve cálculo
que é este normalmente a procura do bem, ou a procura do caminho onde encontra
mais vantagem. E assim a força que o move, a força que o leva a decidir
acreditar e ter fé, é essencialmente o amor que sente pelo objeto da sua crença e fé. Todos fazemos o que amamos. Todos nos dirigimos para onde o
nosso juízo determina. E o nosso juízo é a nossa total personalidade. O nosso
“eu” intrínseco absoluto. O adepto da fé
e da crença efetua uma tomada de
decisão baseado num minúsculo cálculo racional: o que pretende para sua
satisfação. Mas usa a grande parte da sua tomada de decisão no amor que sente
pelo objeto da sua fé e crença. Usa, portanto, uma minúscula
parte de raciocino e uma grande parte de emotividade. Essencialmente usa o seu
pequeno juízo e o seu grande amor para decisão. Infelizmente para estes, que se
encontram num estágio de sabedoria intermédio mas não o mais diminuído dos
estágios, o seu comportamento nas tomadas de decisão, apesar de serem elevados
no quotidiano, em questões unicamente religiosas, ele diminui-se para o estágio
de sabedoria que mais se aproxima dos seres irracionais, que, por sua vez, não são
irracionais de todo, mas essencialmente irracionais. Alguns escritores tendem a
usar a expressão de “não-racional” para definir o “irracional” que aqui é
mencionado, mas tal postura é apenas baseada num principio de delicadeza, com o
objectivo do não-ofensivo, mas no entanto de informação obstruída.
Jorge Nogue, Mestria
“o homem que tem uma fé ou uma crença, por
exemplo, na existência de Deus, deve saber que aquele outro que factualmente já
viu Deus, que já o tacteou com as suas mãos, que já o ouviu com os seus
ouvidos, que já o experimentou várias vezes, esse saberá sempre muito mais que
o homem da fé e da crença.”
Bíblia Sagrada, Romanos
13;12
“A noite é passada e o dia é chegado.
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”
O
Estágio dos Factos e da Razão
Apesar de possuirmos cinco sentidos
essenciais, ou múltiplos como nos afere a neurologia, possuímos no entanto um
centro de controle de todos esses nossos sentidos. Um centro que nos permite tanto
a entrada como a organização de tudo que captamos com os nossos sentidos: o
nosso cérebro. Nada de novo cientificamente. Este centro é o nosso grande juíz-legislador, o nosso grande “eu”, o que sentencia com mais ou menos determinação
tudo aquilo que se cruza com os nossos sentidos e que estes últimos absorvem. Tanto
as imagens visuais, como auditivas, e todas as restantes sensações. E esta
absorção dá-se apenas segundo padrões apenas nossos, padrões que são o
resultado da nossa própria inteligência, legislação mental e autónoma que
determina o que queremos captar e o que não queremos captar, ou até o que
captamos com mais atenção ou com menor atenção. Captamos o que vemos ao abrigo
da legislação do nosso grande juiz-legislador que organiza o
conteúdo mental que absorvemos segundo os seus próprios padrões, segundo a sua
própria sabedoria experimental. Resumidamente captamos o que queremos, autonomamente,
apreendido na grande escola da vida. É a nossa sabedoria que capta o que
contemos nas nossas mentes, nas nossas memórias. É a nossa sabedoria, expressão
de inteligência, que capta com mais atenção ou menos atenção as múltiplas experiências
vividas. Somos o nosso próprio juízo. Somos a nossa própria sabedoria.
Tem-se falado muito sobre “inteligência emocional” como uma forma
de captarmos dados que nos são úteis para o exercício da nossa racionalidade e respectiva
tomada de decisão. Vários pesquisadores de renome no campo da inteligência, salientam
que os aspectos cognitivos como a memória e a resolução de problemas, não são
os únicos a emergir da inteligência, adicionando-lhe também o lado emotivo,
associando-o à inteligência. David Wechsler descreveu a influência dos factores
não-intelectuais sobre o comportamento inteligente, e defendeu ainda que os
nossos modelos de inteligência não estariam completos até que esses factores
não pudessem ser adequadamente descritos. Salovey e Mayer definiram
“inteligência emocional” como: “…a
capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento,
compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros.”.
A menos que a expressão “raciocinar com
ela” seja meramente simbólica, deduziríamos que a intenção era afirmar que
as nossas emoções possuem capacidade cognitiva isolada. Que ela pode raciocinar
independente da mente. Ora, tal preceito é nos dias que correm amplamente
desastroso, e por isso o mais recente nome na área de inteligência emocional veio rectificar o conceito até então
existente, e defini-la da seguinte forma: “…capacidade de identificar os nossos
próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as
emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. Agora rectificada a
brutalidade de afirmar que os sentimentos possuem autonomamente capacidades
cognitivas, ela passou agora a estar mais bem definida, sendo descrita como uma
forma de podermos melhorar o nosso desempenho quotidiano, mas não é ela própria
a essência, a origem, do nosso desempenho genérico. De facto a nossa
emotividade parece ser determinante no nosso desempenho. Ela parece ser até
crucial como os vários testes realizados confirmam. Mas o que importa aqui
declarar é que a emotividade por si só não nos consegue ser útil. Ela não tem
raciocino. Ela não tem juízo. Ela não calcula. Muito pelo contrário: Assim como
o nosso consciente ou subconsciente dá ordem a um dos nossos braços para que
ele se mova, assim a nossa emotividade é um efeito do nosso raciocino mais
consciente ou menos consciente. Tentarei provar que a emotividade é um efeito
proveniente do raciocino, e não uma causa originária, autoritária sobre o
raciocino.
Esta “nova” inteligência é apenas uma
análise superficial da verdadeira questão, uma vez que sem o nosso raciocino
consciente ou subconsciente, não poderíamos usar os argumentos desta nova linha
orientadora de “inteligência artificial”.
Sem cérebro esta nova inteligência tornar-se-ia nula. Sem cérebro seriamos como
pedras sem qualquer tipo e classificação de inteligência. Sem qualquer emoção
orientadora. Daqui aferimos que para haver “inteligência emocional” temos que
possuir capacidades racionais, possuir inteligência,
sendo assim o nosso lado emotivo totalmente dependente do nosso lado racional.
Ou melhor ainda: O nosso lado emotivo não é só dependente do nosso lado
racional, ele é muito mais o efeito do nosso próprio lado racional e causal
sobre uma das partes do nosso corpo, o coração, que se manifesta com os seus
impulsos. Assim o titulo de “inteligência emocional” é em absoluto uma
inteligência, que se exprime com impulsos do coração, tal e qual como quando,
de forma consciente ou inconsciente, a nossa mente dá instruções ao nosso braço
para ele se mover. O nosso lado emotivo é, de facto, uma
manifestação do nosso lado racional mais consciente ou menos consciente. Ele é
apenas um efeito e não a causa. E perante este argumento o que podemos deduzir que
são as nossas emoções? De facto elas não são mais que uma manifestação do nosso
lado racional consciente-inconsciente. Mas temos vivido longos séculos a
separar a emoção da razão, travando lutas épicas sobre uma e outra, tem havido
obscuridade sobre o assunto, quanto ele se torna hoje provado e esclarecido. Chegou
a altura da ciência moderna anunciar que as nossas emoções não são mais que uma
manifestação do nosso subconsciente.
Cremos muitas vezes sentir sem primeiro
ter pensado. Mas tal dedução é errónea, pois se a nossa percentagem de
pensamento ou raciocino fosse nula, seriamos como pedras que nada podem sentir.
Assim temos a prova provada que, numa primeira instância, as emoções derivam do
raciocino, mas no instância mais elevada, acabaremos por concluir que as
emoções não são mais que uma reacção ao nosso raciocino muitas vezes
inconsciente. Por ser inconsciente é que encontramos dificuldade em
distingui-lo do raciocino. Mas de facto ele é um efeito do nosso raciocino
causal. Aliás, todo o nosso comportamento humano, mesmo o facto de podermos
estar vivos, deve-se exclusivamente ao nosso bom estado mental, pois doutra
forma, teríamos o nosso certificado de óbito cerebral. Foram séculos e séculos numa
árdua luta ideológica entre emoção e razão, manifestadas também como religião e ciência, mas que nos surgem agora neste nosso mundo actual mais
evoluídas e provadas. Somos donos dos nossos sentimentos. Sentimos o que
queremos sentir. É feliz aquele que quer ser feliz. Sofre perturbação aquele
que quer sofrer a perturbação. É certo que muitas vezes a perturbação torna-se
dominante, mas só assim acontece quando a nossa capacidade racional-consciente
se subjuga à nossa capacidade racional-subconsciente. Quando deixamos o nosso
intimo vencer sobre o nosso superficial. Mas o superficial, como nos é mais
acessível, mais visível, podemos dominá-lo como queremos, já o subconsciente,
mais escondido no intimo, oferece-nos mais resistência para o dominarmos. Mas a
prova do argumento que afiro é facilmente encontrada quando, numa qualquer
experiência de vida, verificamos que com a nossa força racional-consciente dominamos
a nossa força racional-inconsciente. Quando queremos podemos! Quando
sobrelevamos o intelecto à emoção vencemos esta última. Quando sobrelevamos o
consciente ao inconsciente vencemos este último. E assim a espada da razão fere
mortalmente e de forma definitiva a espada da emoção.
É necessário sabermos que tudo que não
é perceptível é obscuro. É não claro. Tem a sua porção de trevas. Tudo que é
obscuro é passível de ser engano. Só a claridade é a sabedoria! Só a claridade
é a verdade! O que não pode ser provado pela totalidade dos sentidos é, à priori, uma tentativa de engano. E
sendo sete os nossos sentidos, formando estes a nossa capacidade total de
percepcionar, nossos sete músculos, devemos limpar as nossas ideias e
evolui-las, e saber que aquele que vê e ouve, saberá sempre mais que aquele que
em igualdade de proporção do referido sentido, só vê ou só ouve. Sabermos que
aquele que apenas testemunha com um dos seus sete sentidos, tem um testemunho
mais fraco que aquele que pode testemunhar com todos os seus sentidos. E todos
reitero. Porque, interessa referir que mediante o objecto a ser analisado, há
sentidos que sozinhos são mais fortes que os restantes seis sentidos, mas nunca
mais forte que a totalidade dos sentidos. Todos os sete sentidos que possuímos
são-nos úteis cada um para a função a que se destina, mas mediante o objecto a
investigar, um dos sentidos pode ser mais determinante que outro. Sendo,
todavia, o raciocínio, o mais ilustre de todos eles.
Interessa ainda referir que os Sentidos
Externos são aqueles que percepcionam de fora para dentro, que enviam as suas
mensagens para o raciocínio, e os Sentidos Internos actuam integralmente no
interior do corpo, e que depois se transforma no comportamento do individuo.
Interessa ainda referir que os Sentidos Externos carecem do raciocínio para os
poder interpretar, sem o qual não existe ordem no exercício dos sentidos. Sem
raciocínio não podemos saber o que estamos a ver, ou o que estamos a ouvir, ou
o que estamos a saborear, etc.. Por outro lado, os impulsos do coração surgem
como resposta do raciocínio. Os impulsos do coração são como um braço que se
move por instrução do raciocínio. Perna que se move por instrução do
raciocínio. Estes impulsos do coração não nascem autónomos como se fez crer
desde os primórdios dos tempos, mas que a neurologia de hoje já provou que são
os neurónios a provocar os referidos impulsos. Neurónios: centro de toda a
actividade humana!
Portanto, os Sentidos Externos obtêm o
objecto do seu sentido e o envia para o cérebro interpretar, por outro lado o
impulso do coração é a manifestação sensível e ampliada do que o raciocínio
vislumbrou, mais no seu estado consciente e menos nos seus estados
subconscientes. E nenhum impulso do coração se consegue mover, manifestar,
abrandar ou acelerar, caso esteja num estado totalmente insciente. O raciocínio
é a central eléctrica de todos os restantes sentidos. O único que lhes dá luz!
O único que lhes dá vida! E cabe ao raciocínio, e só ao raciocínio, a
interpretação correcta ou incorrecta da função dos restantes sentidos. E a esta
interpretação chama-mos de nível de sabedoria.
Portanto, a função única da visão é
ver; mas ver sem compreender o que se vê. A função única da audição é ouvir;
mas ouvir sem compreender o que se ouve. A função única do olfacto é cheirar;
mas cheirar sem compreender o que se cheira. E assim é com todos os Sentidos
Externos. Estes carecem do raciocínio para que o individuo compreenda com ordem
a função dos seus sentidos e viver em serenidade com as suas percepções. Enquanto
os Sentidos Externos podem funcionar com naturalidade sem o raciocínio, apesar
de funcionarem mas não compreenderem o objecto do seu sentido, relativamente
aos impulsos do coração dá-se exactamente o contrário, ou seja, os impulsos só
surgem quando emitidos pelo raciocínio. Resta afirmar que o raciocínio é o
único sentido que pode agir sozinho e alcançar a compreensão, o entendimento, a
ordem, ou por outras palavras, a sabedoria. É custoso viver condignamente sem
os Sentidos Externos, mas sem os Sentidos Internos torna-se multipenoso.
Todos os nossos sentidos são úteis para
a investigação, sendo o raciocínio determinante como já vimos. Mas interessa
ainda compreender o que são os factos. Muitos factos que temos conhecido
parecem mudar conforme as circunstâncias. Quando mergulhamos uma vara na água,
ficando metade da vara fora da água e a outra metade dentro da água, ficamos
com a prova que a vara se dobra. E a
nossa prova é séria. Assim podemos aferir. E de facto a nossa visão e
raciocínio estão plenamente correctos. A vara está dobrada. Mas, lembro que
apenas são dois sentidos que estamos a usar para a obtenção dum facto, sendo
estes a visão e o raciocínio. Mas, quando experimentamos o mesmo objecto de
investigação com os restantes sentidos, nomeadamente e neste caso, o tacto,
logo vemos que a vara nunca se dobrou, e
que existe aqui um ilusão de óptica. Também a experimentação, ou seja, o
aumento de experiência com a circunstância, verificamos novamente que a vara
nunca esteve dobrada, mas sempre esteve recta. E depois voltamos a coloca-la
parcialmente no interior da água, e voltamos a retirá-la, levando-nos assim à
mais experiência, à mais sabedoria, ao maior conhecimento, ao alcance da
verdade.
Portanto, os factos só se alcançam na
plenitude quando usamos os nossos sete sentidos. Na ausência de um destes, os
factos podem passar do seu carácter concreto para um carácter duvidoso. Não é
no entanto dado adquirido que seis sentidos nos confiram mais prova que um
sentido, pois dependendo do objecto a ser investigado se saberá qual a força de
cada sentido na investigação, sendo o raciocínio o ilustre entre os sentidos,
como já referido, o único que não pode deixar de estar convocado numa
investigação. O único que nunca se pode ausentar sob pena de nos alienarmos da
sabedoria, pois o raciocínio é o sentido da sabedoria. Ele próprio é a
sabedoria. Da mesma forma que os olhos são a visão.
Assim, para sabermos a correcta
definição de factos, é relevante
frisar a experimentação. Porque, os factos que só se podem experimentar uma
vez, perdem a sua força de factos.
Perdem a força da sua luz. A sua força de verdade. Estes normalmente são factos
ilusórios e são normalmente provenientes
da fraude. Quando alguém testemunha que viu um Óvni e não pode novamente dar a
mesma prova, muito dificilmente estaremos perante uma verdade. Pode a fé de
cada um declarar a sua crença, virtuosa fé na ausência dos factos, mas a
sabedoria só a poderá ter aquele que testemunhou a presença do Óvni. Mas não o
podendo testemunhar novamente, principalmente não o testemunhar com todos os
seus sentidos, deixa de ter factos sérios, credíveis, e passa a ter meramente
uma aparência de factos, mais indicada a ser uma fé que um facto.
Mas que nos seja por conclusão que os
factos para serem factos têm que ser absolutos. Têm que ser testados e
re-testados com todos os sentidos. Só assim aceitaremos os factos e a verdade
que eles pressupõem. O sábio só assim agirá. O sábio é o que dúvida da fé. Não
que a negue. Mas que lhe reconhece o lugar e o significado, não podendo ser
iludido. Que nos seja por sabedoria que a mentira é uma força tremenda sobre a
humanidade. A maior de todas as forças. Muitos de nós que vivemos na profunda
verdade, se não alicerçados nos factos experimentados com todos os nossos sentidos
como referido, mais não fazemos que viver na profunda mentira. No erro. Filhos
duma intelectualidade menor. Apartados da sabedoria. Pois que a sabedoria está
nos factos experimentados.
Como já referido, os impulsos do
coração são o sentido mais falacioso que possuímos. Muitos ajuízam com o
coração sem se aperceberem que estão a ajuizar com o coração. Esse impulso
muitas vezes imperceptível influencia muito o raciocínio dos fracos de
raciocínio. Dos que pouco instruíram o seu juízo. Mas assim como a mão ou o pé
não podem alcançar sabedoria, uma vez que esta é o conteúdo do raciocínio e não
dos membros do corpo, também o coração não pode alcançar sabedoria. A única
mais valia que o coração possui no alcance da verdade e do desenvolvimento da
sabedoria, assenta em ser um músculo de força do corpo humano. Músculo
interior. Um músculo que nos empurra para a direcção que o nosso raciocínio
determinou. O coração é apenas um músculo. Uma força. Um acelerador. Não a
direcção. Não o volante do automóvel. Mas o acelerador.
Assim, determina-se os únicos Três
Estágios da Sabedoria. O primeiro é o estágio da fé, da crença, da motivação,
da não sabedoria. O segundo é o estágio dos factos, da razão, da lógica, da
sabedoria. E o terceiro é o estágio da abominação, do fanatismo, da loucura, da
cegueira.
Já aleguei sobre os dois primeiros
estágios mas ainda não sobre o terceiro estágio. Este consiste no homem que faz
vivência na abominação. Aquele que sustentou de tal forma a sua fé em seu
espírito, que vislumbrando e apalpando, e experimentando vezes sem conta a
prova de facto que sua fé é errónea, ainda assim continua com a sua fé errónea.
Cego como os loucos. De má índole como os impios. Homem sem amor. Homem sem
afecto à verdade. Oposição às divindades. Investigador sem amor ao amor.
Condenamos a loucura. Condenamos a
maldade contra a verdade dos factos. Factos que já vimos serem o corpo
aperfeiçoado do espírito e da carne, contra a fé que se caracteriza por ser
apenas espírito. Respeitamos a fé que age dentro da sua acção. Apoiamos a fé
quando age dentro da sua acção. Mas quando esta quer invadir fora da sua acção,
ser mais do que crença sem que de facto o seja, querer-se passar por ser factos
sem o ser, querer ser maior que os factos sem o ser, quando a fé foge da prova
e dos factos que a atentam ao erro, aí já desprezamos o fanatismo que a fé
muitas vezes invoca. Estágio da Loucura. Mas não somos loucos nem queremos ser.
Queremos a luz!
Toda a fé, toda a crença duradoira,
intensa, apaixonada, porque toda a fé intensa tem este vínculo com a
paixão, tem vindo a tornar-se mais forte
no individuo que os próprios factos que este vislumbra e experimenta. Quando os
factos deixam de ter carácter duvidoso e são experimentados vezes sem conta,
repetitivamente, e atestam contra uma determinada fé, o louco, o abominável, o
sarcástico, já se encontra de tal forma prisioneiro à sua fé, que já não
conseguirá libertar-se dela. Expirará na ignorância.
Torna-se portanto necessário estarmos
atentos. Ouvir a novidade e investigar-lhe as provas. Experimentá-la de todas
as formas possíveis sempre no nosso Estágio dos Factos. Instruídos que a maior
guerra do mundo, a mais persistente, a mais sangrenta, a que já causou mais
mortos e mutilados, a que já levou mais humanos à riqueza e à miséria, mas
também a mais entusiasmante para o espírito, para o que ama a sabedoria, esta
será sempre a guerra da mentira contra a verdade. Da crença contra a prova. Da
fé contra os factos. Da religiosidade contra a ciência. Da paixão contra o
raciocínio. Do que não vemos com os olhos, contra o que vemos com os olhos.
Temos que saber que a ciência é a verdade, e as religiosidades não provadas à
luz dos factos, o índice da mentira. Que o raciocínio alcança a verdade, e as
paixões o índice da mentira. Todo aquele que vive da crença, da história, do
livro, da confiança não investigada, da confiança não fundamentada, duma
certeza que nunca foi testada e re-testada pelos sete sentidos mas apenas pela
determinação, sem a luz da prova de facto, quanto mais não tem que andar ao
encontro da verdade!
Já foi referido que a fé, a crença, é
um elemento útil apenas quando não temos a luz maior: A luz dos factos. Perante
a afirmação “Eu tenho fé em Deus” que é uma sabedoria no seu Estágio da Fé e da
Crença, aquele que perante a mesma afirmação se encontra no entanto no Estágio
dos Factos e da Razão, é aquele que já viu, já tocou, já experimentou com todos
os seus sentidos o mesmo Deus. Portanto, o seu estágio de sabedoria é superior.
Conhecidos agora os únicos Três Estágios da Sabedoria, resta o
leitor questionar-se sobre todas as verdades que suporta sobre o seu
raciocínio, em qual dos estágios elas se inserem.
Romanos 13;12
“A noite é passada e o dia é chegado.
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”
SAIBA AINDA QUE VÁRIOS MEMBROS DA IGREJA MÓRMON TÊM SIDO VÍTIMAS DUMA BURLA À ESCALA PLANETÁRIA.
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